Olho e meio

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Este blogue é da res­pon­sa­bi­li­da­de de um lis­bo­e­ta com fre­quên­cia uni­ver­si­tá­ria (Bio­lo­gia), ex­‑jor­na­lis­ta actu­al­men­te tra­ba­lhan­do na área in­for­má­ti­ca.

Isto e tudo o mais ou será ób­vio, ou irre­le­van­te. (Vd. ma­ni­fes­to.)

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A 2006-12-15

# Estrela verde / Verda stelo

Esperanto­‑tago

No Di­ário de No­tí­cias do pas­sado do­min­go (p.7), Edi­te Es­tre­la, ago­ra eu­ro­‑de­pu­ta­da, abor­da o te­ma da lín­gua nas ins­ti­tu­i­ções da União Euro­peia, em re­gisto “clás­sico” para quem o tema não for novo.

Começa por elen­car as actuais lín­guas ofi­ci­ais (dei­xan­do de lado as muitas que não o são), enfa­tiza o cres­ci­mento cons­tante do seu nú­mero des­de a fun­da­ção, e intro­duz de forma cla­ra o di­lema cen­tral da mo­derna Inter­lin­guís­tica Apli­cada: «A di­ver­si­dade lin­guís­tica »(…)« é um va­lor cen­tral da cons­tru­ção euro­peia, ainda que »(…)« acar­rete in­ilu­dí­veis di­fi­cul­da­des e ele­va­dos cus­tos.» (O ne­gri­to a mar­car o ad­ver­sa­tivo é meu.) Ou seja, de­tec­ta­‑se aqui uma (apa­rente?) in­com­pa­ti­bi­li­da­de ético­‑prá­tica.

Mais adi­an­te, Edite Estre­la faz vis­lum­brar por que é a di­ver­si­dade lin­guís­tica um valor cen­tral: «mexe com duas áreas muito sen­sí­veis: a da iden­ti­da­de e a das emoções.» Muito bem, mas cla­ro que isto não es­go­ta a questão. A im­por­tân­cia ca­pi­tal do fe­nó­me­no lín­gua é me­di­da da inex­trin­cável inter­pe­ne­tração entre este e quase toda a co­mu­ni­cação e muita da ex­pres­são humanas.

Quando conjugado num con­texto de di­ver­si­dade lin­guís­tica, o fe­nó­meno lín­gua as­sen­ta de facto na iden­ti­dade (in­di­vi­dual e de gru­po, a mui­tís­simos ní­veis) e é cer­ta­mente vec­tor e alvo de emoções (por sua vez li­ga­das à iden­ti­dade ex­pres­sa en­quan­to de fa­lante), mas extra­vasa para tudo quanto con­cer­ne a, p. ex., auto­nomia cul­tural de cada gru­po, a co­mu­ni­cação inter­‑ét­nica não­‑ins­ti­tu­cional, ou a globa­li­zação dos meios de comu­ni­cação — temas estes que fica­ram por abor­dar nesta crónica.

Baseada nestes pres­su­pos­tos (im­por­tân­cia e “de­li­ca­de­za” de uma po­lí­ti­ca lin­guís­ti­ca que tra­te das exi­gên­cias éti­cas e prá­ti­cas da co­mu­ni­ca­ção em meio lin­guis­ti­ca­men­te di­ver­so), é a Edite Estrela evi­den­te que o plu­ri­lin­gui­smo é um bom prin­cí­pio (en­ten­di­do como com­pe­tên­cia co­mu­ni­ca­ci­o­nal em lin­guas não­‑ma­ter­nas, numa pers­pec­tiva emi­nen­te­mente es­co­lar; a cró­ni­ca é aliás in­tro­du­zi­da por uma re­fe­rên­cia ao le­ma «Apren­de Lín­guas e se­rás Al­guém», a adop­tar pelo Par­la­men­to Euro­peu em Ja­nei­ro), e que a he­ge­mo­nia da lingua franca ac­tual, o in­glês, é um mal ne­ces­sá­rio (des­fi­ando ar­gu­men­tos que, em­bo­ra evi­den­tes na subs­tân­cia, so­am ter­ri­vel­men­te in­gé­nuos a um es­pe­ran­tista “mo­der­no”, por for­ça de tan­to os ou­vir de seus pa­res mais tra­di­ci­o­nais).

E que sai des­te co­me­ço bem gi­za­do, des­te “pi­gar­ro” que ha­ve­ria de in­tro­du­zir uma lis­ta de fu­tu­ros pos­síveis e/ou de­se­já­veis? Bem, a meu ver nada de ar­ti­cu­la­do: Ten­do dei­xa­do de la­do uma ave­ni­da pro­mis­so­ra, Edite Es­tre­la der­rapa no úl­timo pa­rá­gra­fo em apa­ren­te con­tra­di­ção. Ve­jamos:

No 4º parágrafo men­ci­ona du­as «vo­zes» que «se fi­ze­ram ou­vir» «pe­ran­te tal la­bi­rinto lin­guís­ti­co» em de­fe­sa res­pec­ti­va do in­glês e do es­pe­ran­to. Fi­ca su­ben­ten­dido que Edite Es­tre­la não pre­co­ni­za qual­quer des­tas so­lu­ções para o pro­ble­ma, mas não se adi­anta: Quan­to ao in­glês (cu­ja ac­tual con­fi­gu­ração he­ge­mó­ni­ca lhe me­re­ce gra­ves re­pa­ros no 6º pa­rá­grafo), nem adi­ta o ób­vio — que bas­ta na­da fa­zer de novo em ma­té­ria de po­lí­ti­ca lin­guís­ti­ca euro­peia para pro­mo­ver es­ta opção. No que con­cer­ne ao es­pe­ran­to, fi­ca apa­ren­te­mente o “ca­so ar­ru­ma­do” com a fra­se que diz «po­de ser­‑se bi­lin­gue, mas não apátri­da da lin­gua­gem à pro­cu­ra de asi­lo numa lín­gua de aco­lhi­men­to»; fi­ca à ima­gi­na­ção de quem pu­der en­ten­der a re­le­vân­cia des­ta ci­ta­ção — eu por mim não per­cebi nada: Tal­vez por co­nhe­cer bem de mais os vo­lu­mo­sos dos­siês que cru­zam as co­or­de­na­das "es­pe­ranto" com "União Euro­peia"? Conhe­cê­‑los­‑á Edite?

Finalmente, no 8º e úl­ti­mo pa­rá­gra­fo Edite Estrela des­cai, como dito, para um dis­cur­so que pa­re­ce con­tra­di­zer tudo o que afir­mara e de­fen­dera acima: Como para­do­xais e inefi­ca­zes con­tra­ponto à denún­cia da he­ge­mo­nia, e co­ro­lário ao elo­gio da di­ver­si­dade, sur­ge a fe­char a cró­ni­ca um pa­ne­gí­ri­co des­lo­ca­do à lín­gua por­tu­guesa e apelo à sua pro­mo­ção no es­pa­ço da União. Ora, posta que está a vi­ta­li­dade demo­grá­fica e social do por­tu­guês, tanto na Eu­ro­pa como no mun­do, põe­‑se esta fora do al­can­ce da pro­tec­ção de­vi­da às lín­guas de pe­quena di­men­são (as­pecto que foi ape­nas tra­tado oblíqua­mente nes­ta cró­nica).

Que se pretende então com este exal­tar da “lusa lín­gua”? Jus­ti­ficar que deve­ria esta ocu­par o lugar “imere­cido” do ita­li­ano ou do ale­mão? Se sim, é uma con­clu­são ao arre­pio das con­si­de­rações é­ticas teci­das nos seis pri­mei­ros pará­gra­fos da cró­nica. No 7º Edite Estre­la ad­mite que «não há ino­cên­cia nem acaso nas es­co­lhas lin­guís­ticas», adi­tando já no 8º que o por­tu­guês é mais fa­la­do no mundo que ou­tras lín­guas euro­peias, as quais porém de­têm na União melhor si­tu­a­ção na es­ca­la de «hie­rar­quia e pri­vi­lé­gio» que «na prá­tica» con­tra­diz o prin­cípio teó­rico da igual­dade das línguas.

Edite Estrela arenga então sobre o (limi­ano?) «de­ver dos de­pu­ta­dos por­tu­gue­ses no PE» de pro­mover (ci­tando Torga) a lín­gua por­tu­guesa e a sua su­posta «ri­queza e ori­gi­na­li­dade» (se­rá que ti­das por ím­pares ou úni­cas?). Faz lista de carac­te­rís­ticas for­tuitas e duvidosas do por­tu­guês («foi a pri­mei­ra lín­gua euro­peia a esta­ble­cer uma ver­da­de­ira ponte cul­tu­ral entre o Oci­dente e o Ori­ente») e chega a afir­mar que, por isso, «de­via ter um lu­gar es­pe­cial no con­jun­to das lín­guas ofi­ci­ais europeias».

Por quê? Se a diversidade e a igual­dade lin­guís­ticas são posi­tivas e essen­ci­ais à iden­ti­dade euro­peia e se a he­ge­mo­nia é má quan­do pro­ta­go­ni­za­da pelo in­glês, como se pode então re­cla­mar um lugar de des­ta­que para o por­tu­guês? Se a adopção do es­pe­ranto é pos­ta de par­te por (depre­endo) se tratar de uma so­lu­ção que exi­gi­ria “von­tade po­lí­ti­ca” a con­tra­pêlo da ten­dên­cia na­tu­ral para “apos­tar no que vai à fren­te”, o que jus­ti­fica então esta pro­mo­ção de uma po­si­ção que, dado o inexis­tente pres­tígio do por­tu­guês como lin­gua franca glo­bal ou eu­ro­peia, não é mais que uma uto­pia gratuita?

(Noto que não é pos­sí­vel assu­mir uma po­sição de pre­tensa “de­fe­sa” da lín­gua por­tu­guesa após se ter ar­gu­men­ta­do da sua ex­ce­lên­cia com base jus­ta­mente na sua pu­jan­ça de­mo­grá­fi­ca e so­cial. Con­stato com alí­vio que Edite Estrela não caiu nesta “po­pu­lar” ar­madilha.)

Confesso que não entendo, pois, a ló­gica deste “gol­pe de anca” na ar­gu­men­ta­ção da cró­nica — a me­nos co­mo uma ma­ni­fes­ta­ção da ne­ces­si­dade do po­lí­tico de agra­dar a todos, de mui­to fa­lar pa­ra na­da mu­dar: Esta Estrela, “ver­de” para alguns temas, mas ex­pe­ri­ente Rainha Encarnada.

Por­tu­ga­la eŭ­ro­par­la­men­ta­no Edi­te Es­tre­la kro­ni­kis pri la la lin­gva si­tu­a­cio en Eŭ­ro­pa Unio (ĵus­di­man­ĉa Di­á­rio de No­tí­ci­as, pĝ.7), laŭ to­no “kla­si­ka” por ti­uj ki­uj jam ko­nas la temon.

Komence ŝi listigas la nu­najn ofi­ci­a­lajn lin­gvojn (pre­ter­la­sante tiujn mul­tajn ne ti­ajn), em­fa­zas ties kons­tan­tan mul­ti­ĝon ekde la la fon­do, kaj en­kon­du­kas kla­re la cen­tran di­le­mon de la nuna Aplika Lin­gvis­tiko: «Lin­gva di­ver­seco »(…)« es­tas cen­tra va­lo­ro de la eŭ­ro­pa kons­truiĝo, kvan­kam »(…)« ĝi al­por­tas ne­mas­ke­blajn mal­fa­ci­lojn kaj gran­dajn kos­tojn.» (La tip­di­kon kiu mar­kas la kon­tra­ŭilon me­tis mi.) Re­su­me, oni kon­sta­tas mal­kon­­gru­on (ĉu ŝaj­nan?) inter etiko kaj prak­tiko.

Poste, Edite Estrela videtigas kial lin­gva diver­seco estas va­lo­ro cen­tra: «ĝi tuŝas du tre de­li­ka­tajn fakojn: tiun pri iden­teco kaj tiun de emo­cioj.» Tre bone, sed tio ja ne elĉer­pas la deman­don. La gra­veco de la fe­no­meno lin­gvo laŭas la ne­ma­lim­pli­ke­blan inter­pe­ne­tre­con inter tiu kaj pres­kaŭ ĉia ko­mu­ni­kado kaj multa el la es­pri­miĝo homaj.

Kvankam en lin­gve di­ver­sa me­dio la fe­no­me­no lin­gvo baziĝas fakte sur iden­teco (in­di­vi­dua kaj gru­pa, je tre mul­taj ni­ve­loj) kaj cer­te ĝi estas kaj por­tilo kaj sub­jekto de emo­cioj (sia­‑vice ri­la­taj al iden­teco lin­gva­na), ĝi eks­ter­flu­as al ĉio kio kon­cer­nas, ekz., grupa kul­tu­raŭ­to­no­mio, ne­ins­ti­tu­cia in­ter­etna ko­mu­ni­kado, aŭ tut­mon­diĝo de ko­mu­ni­ki­loj — jen temoj kiujn tiu ĉi kroniko ne priis.

Surbaze de tiuj gvid­li­nioj (gra­ve­co kaj “de­li­ka­te­co” de lin­gva po­li­tiko kiu pri­zor­gu la eti­kajn kaj prak­ti­kajn de­man­dojn de la ko­mu­ni­kado en lin­gve di­ver­sa medio), estas al Edite Estrela evi­dente ke plur­lin­gve­co estas prin­cipo bona (kom­pre­nata kiel komu­nik­ka­pablo per lin­gvoj ne de­nas­kaj, ĉefe el ler­neja vid­punkto; ce­te­re la kro­ni­kon mem mal­fer­mas men­cio pri la de­vizo «Ler­nu Lin­gvojn kaj vi iĝos Iu», adop­tota janu­are de la Eŭ­ropa Par­la­mento), kaj ke he­ge­mo­nio far la nuna lin­gua franca, la angla, estas ne­e­vi­tebla mal­bo­na­ĵo (antaŭ­me­tante ar­gu­men­tojn kiuj, kvan­kam subs­tance evi­den­taj, sonas mi­ri­ge nai­vaj al nov­tipa espe­ran­tis­to longe kaj ofte tiujn aŭs­kul­tinta de tra­di­ci­emaj “sami­deanoj”).

Kio do rezultas el tiu bo­ne eki­gita pre­paro, el tiu ĉi “gorĝ­pu­ri­go” en­kon­du­konta eblajn kaŭ in­dajn es­ton­tojn? Nu, mia­‑o­pi­nie nenio ko­he­ra: Pre­ter­la­sinte pro­mes­do­nan ale­on, Edite Estrela jo­ras al las­ta ali­neo per ŝajna kontraŭdiro. Jene:

La 4‑an alineon ŝi men­cias «vo­ĉojn» kiuj «aŭdi­gis sin» «an­taŭ tia la­bi­rin­to lin­gva» de­fen­dante res­pek­tive la anglan kaj la es­pe­ran­tan lin­gvojn. Sub­kom­pre­natas ke Edite Estrela adep­tas neniun el tiuj ĉi sol­voj por la pro­ble­mo, sed ŝi mem ne de­ta­ligas: Pri la angla (kies nuna he­ge­mo­nia rolo ins­pi­ras ŝin al ver­vaj kri­ti­koj en la 6‑a ali­neo) eĉ ne aser­tas la evi­den­ton — ke su­fi­ĉas ne­nion no­van fari pri eŭ­ropa lin­gva po­li­tiko por fa­vo­ri tiun ĉi sol­von. Pri espe­ran­to, la de­man­do iĝas ŝaj­ne res­pon­dita per frazo kiu aser­tas ke «oni povas estas du­lin­gva, sed ne lin­gvo­‑pario serĉe de gast­lin­gvo»; ima­gu el­tro­ve­muloj kiom laŭ­te­mas tiu ĉi ci­taĵo — mi mem ne­nion kom­pre­nas: Ĉu eble tial ke mi tro bo­ne ko­nas la di­kajn do­si­e­rojn kie ligiĝas la ŝlo­sil­vor­toj "espe­ranto" kaj "Eŭ­ropa Unio"? Ĉu ilin konas Edite?

Fine, la 8‑an kaj lastan ali­neon Edite Estrela falas, kiel dirite, en pens­li­nion kiu ŝaj­nas kon­traŭi ĉion kion ŝi aser­tadis kaj defen­dadis tuj supre: Kiel pa­ra­dok­saj kaj mi­se­fi­kaj kon­tras­to al la he­ge­mo­ni­mal­ka­ŝo kaj ko­ro­la­rio al la di­ver­sec­laŭdo, aperas ferme de la kro­niko mal­kon­grua apo­logio de la por­tu­gala lin­gvo kaj alvoko al ties po­pu­la­rigo ene de la Unio. Nu, aser­tinte la demo­gra­fian kaj socian vi­gle­con de tiu lin­gvo, kaj en Eŭropo kaj eks­tere, oni ne­pre eli­gas ĝin el sub la ne­ce­sa ŝir­mo enda al la mal­gran­daj lin­gvoj (temo kiun ĉi kroniko nur flanke prias).

Kion ce­las do ĉi ek­zal­ta­do de l’ “lin­gvo lu­zi­ta­na”? Ĉu pra­vi­gi ke de­vus tiu lu­di la “sen­me­ri­ta­n” ro­lon de la ita­la aŭ de la ger­ma­na lin­gvoj? Se jes, jen kon­klu­do kon­tra­ŭa al la eti­kaj kon­si­de­roj el­ŝpi­ni­taj en la ses ko­men­caj ali­ne­oj de la kro­ni­ko. La 7‑an Edi­te Es­tre­la ag­nos­kas ke «ne ek­zis­tas pu­rin­ten­co nek ha­zar­do en lin­gvaj de­ci­doj», al­do­nan­te en la 8‑a ke la por­tu­ga­lan lin­gvon oni uzas en la mon­do pli ol iujn aliajn eŭ­ro­pajn lin­gvojn, ki­uj ta­men ĝuas en la Unio pli bo­nan si­tu­a­cion ĉe la ran­go de «hi­e­rar­kio kaj pri­vi­le­gio» kiu «en prak­ti­ko» kon­traŭas la teorian principon de lin­gva egaleco.

Edite Estrela haren­gas do pri la (ĉu limi­fro­ma­ĝa?) «devo de la por­tu­galiaj eŭro­par­la­men­tanoj» pro­mocii (laŭ cito el ver­kisto Miguel Torga) la por­tu­galan lin­gvon kaj ties su­po­za­tan «riĉon kaj ori­gi­na­le­con» (ĉu kre­dante tiujn plejaj aŭ unikaj?). Ŝi lis­tigas ha­zar­dajn kaj du­bin­dajn ecojn de nia lin­gvo («estis la unua eŭ­ropa lin­gvo kiu kons­truis kul­turan pon­ton inter Okci­dento kaj Ori­ento») kaj eĉ aser­tas ke, tial, ĝi «de­vus havi spe­ci­a­lan rolon en la aro de la ofi­ci­a­laj lingvoj».

Kial? Se lin­gvaj di­ver­se­co kaj ega­leco estas pozi­ti­vaj kaj esen­caj por la eŭ­ropa iden­teco kaj se he­ge­mo­nio mal­bo­nas kiam ĝin ro­las la an­gla lin­gvo, kiel eb­las do pos­tu­li pri­vi­le­gion por la por­tu­gala? Se ado­pton de es­pe­ranto oni flan­ken­metu pro tio ke (mi kon­jek­tas) ĝi es­tas sol­vo pos­tu­lan­tan po­li­ti­kan labo­ron kon­traŭ la na­tu­ran ten­den­con “veti por la ven­kan­to”, kio do pra­vigas tiun ĉi alvo­kon al io kio, konsi­derante la ne­ek­zis­tantan prestiĝon de la por­tu­gala kiel eŭropa aŭ monda lin­gua franca, estas ne pli ol vana utopio?

(Mi notas ke ne eblas alpreni po­zi­ci­on pri su­po­za­ta “de­fen­do” de la por­tu­ga­la lin­gvo, ar­gu­men­tin­te pri ties in­deco ĝus­te sur­baze de ties de­mo­gra­fia kaj so­cia vi­glo. Mi kons­ta­tas tran­kvi­li­gite ke Edite Estrela ne falis en tiun ĉi “popularan” kaptilon.)

Mi konfesas ne kompreni do la mo­ti­von de tia ar­gu­menta zig­zago en la kro­niko — krom kiel kon­kre­tigo de po­li­ti­kista be­zono pla­ĉi al ĉi­uj, diri mul­ton kaj ne­nion ŝan­ĝi: Jen stelo (=es­trela), “ver­da” (=mal­ma­tura) por iuj fa­koj, sed sper­ta Reĝi­no Ruĝa.

às 19:21, por Zarolho

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