Olho e meio

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Isto e tudo o mais ou será ób­vio, ou irre­le­van­te. (Vd. ma­ni­fes­to.)

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A 2005-06-06

# Dar bandeira

imagem © Vítor Luís & António Martins

Acerca desta (literalmente) gratuita campanha da BBDO muito haveria a dizer. Sem querer aventurar­‑me para além da visão tolhida deste olho e meio, alinhavo alguns elementos para debate e reflecção:

  • A fundamentação da campanha Europe’s West Coast pare­ce­­‑me compe­tente. Bom slogan (e boa variação deste: «Wild west»), boa edição foto­grá­fica, bom tipo de letra, até mesmo alguma conti­nu­idade com as campanhas do ICEP. Já a análise sub­ja­cente, de que somos vistos assim e as­sado e que é pre­ciso/pos­sível mudar… enfim, nem sequer é original.
  • O documento em causa, que andou de mão em mão via e‑mail, em prin­cí­pios deste ano de 2005, está em vários sítios:Parece algo criado para circulação interna, pueril, feito para mostrar aos amigos (inclui coisas como «talvez», «seria», «bomba “atómica”», «ane­xamos a Galiza que é mais nossa que deles»). É estranho vê­‑lo promo­vido institu­ci­o­nal­mente por uma marca de pres­tígio (a BBDO).
  • O evento escolhido para atrair a atenção mundial, a mudan­ça de ban­deira, parece­‑me uma escolha ine­fi­caz e pre­ten­ciosa. Não impos­sível, note­‑se, mas muito menos “descom­plicado” (por um lado, interno) e irrele­vante (por outro, externo) do que o pro­motor o supõe. Veja­‑se aqui as datas de última altera­ção de bandeiras naci­onais. Soubemos (o público interna­cional) das mudanças de ban­deira ocorridas ultimamente — as do Ruanda, do Afeganistão, das Comores, da Geór­gia…? Mudanças sem impacto no marketing interna­cional, e causadas por revolu­ções sociais e políticas, não por campa­nhas de imagem. (O mui referido Turco­me­nistão não conta, foi uma alteração de pormenor à bandeira de 1992, tal como em 1997.)
  • A investigação vexilológica (páginas 28 a 43 do .pdf), tanto no que con­cerne à história a bandeira nacional (comparar com isto) como ao parentesco cromático (comparar com isto) está ao nível indigente que é habitual na comu­ni­cação social — não chega.
  • A criação vexilográfica não eleva o valor acadé­mico da compo­nente «bandeira» desta campanha. De facto, os publici­tários ainda não compre­enderam que con­ceber uma ban­deira, enquanto elemento de brand­ing, tem mais que se lhe diga do que aplicar um logó­tipo em isquei­ros e bonés… A combi­nação de emblema central sobre fundo azul, especial­mente para uma bandeira naci­onal, é muito má ideia — confun­de­‑se com as de orga­ni­za­ções inter­gover­namentais e é textbook case para má vexilo­grafia iden­titária.
  • Os detalhes técnicos vexilológicos não valo­rizam o mau desem­penho acadé­mico nesta área, estan­do efecti­vamente a um nível inacei­ta­vel­mente baixo para profis­sionais modernos da área do design: Qualquer rabiscador de tira­‑linhas de há vinte anos faria melhor! Tomou­‑se como fonte de ilustra­ções uma inenar­rável publica­ção do Minis­tério da Defesa, onde são repu­bli­cadas (sem crédito!) em grande formato (para impressão a, pelo menos, 300 dpi) imagens criadas em 1996 para ecrã (216 px. de altura!) por um ama­dor de horas vagas. Não se pode deixar de notar os píxeis distor­cidos, tanto mais em con­traste com as suaves curvas pastel do enqua­dra­mento — por que é que ninguém teve “cora­gem” de rede­senhar as imagens das bandeiras?! É tão mau, tão mau mesmo, que (sempre no .pdf da BBDO) a bandeira nacional (“actual”) aparece ilus­trada duas vezes — mas usando imagens dife­rentes! Ironica­mente, há já um ano que a Pre­si­dên­cia da Repú­blica dispo­nibliza uma ilustra­ção vectorial de grande quali­dade da bandeira nacional, para utilização livre… Natural­mente, o desenho da esfera e do escudo na pro­posta de fundo azul é mais um para uma longa gale­ria de represen­tações defei­tu­osas. (E sobre este calca­nhar de Aquiles heráldico da ban­deira de Portugal curio­samente ninguém da BBDO quis comen­tar…)
  • Quanto aos objectivos reais desta campanha, não par­tilho de teorias da conspira­ção. Este caso já animou o meio, mas não pre­vejo mais que uma efémera tempestade em copo de água. O publicitário em causa já promo­veu Cavaco e actualmente contri­bui para Sá Fernandes, não me parece que traga mais “água no bico” que boas inten­ções, talento na sua área, e pouco “jeito” fora dela…
  • O artigo da revista de ontem (Pública 471: 54­‑60, supl. Público 5550, 2005.06.05) contém um pouco (podia ser mais…) de tudo quanto é mau jorna­lismo: A notícia “fabri­cada”, a opi­nião feita facto, a ausência de contra­di­tório, a promo­ção de uma marca, a (má) investi­ga­ção por conta do entre­vis­ta­do… (O artigo de capa é sobre uma colecção de bonecas, o que muito diz…)

às 17:09, por Zarolho

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