Este blogue é da responsabilidade de um lisboeta com frequência universitária (Biologia), ex‑jornalista actualmente trabalhando na área informática.
Isto e tudo o mais ou será óbvio, ou irrelevante. (Vd. manifesto.)
IBSN:
Após longos meses de funcionamento do sistema SIP da Carris (empresa operadora municipal de transportes públicos colectivos rodoviários urbanos de Lisboa), o qual nos informa por SMS da espera estimada dada uma paragem de autocarro, está finalmente disponível uma lista do código de cada paragem.
Imaginemos a situação: Estou em casa, em noite de chuva torrencial, de pantufas à lareira. A paragem fica a, vá lá, trezentos metros do meu prédio, e tenho realmente de apanhar o 41. O SIP permite‑me saber via SMS (no conforto seco e quente de pantufas e lareira) quantos minutos faltam para a chegada estimada do próximo veículo. Terei apenas de enviar para o número 3599 a seguinte mensagem:
C 21212 41
, sendo "21212" o código da paragem e "41" a carreira pretendida (se esta for omitida receberei informação sobre os três próximos veículos, de qualquer carreira).
Mas, para saber o código da paragem, terei porém de trocar as pantufas por galochas, meter‑me à chuva, e discortinar o dito (tão ergonómico, na sua mão‑cheia ou meia dúzia de algarismos), auto‑colado na bandeira da paragem. Claro que, mais molha menos molha, cedo ou tarde saberei os códigos das paragens que uso com frequência. Ficam a faltar as outras…
Mas, finalmente, alguém com poder de decisão na Carris (alguém que certamente não anda de autocarro, ou teria notado bem mais cedo…) percebeu que, sem a divulgação de uma lista de paragens com o respectivo código, o sistema SIP perde muito da sua potencial utilidade. E foi então divulgada a lista.
E como é? Será uma tabela HTML com abundante informação sobre cada paragem, com as carreiras que lá param e a sua localização precisa? Um interface SIG com «todas as paragens num raio de 200 m do ponto do mapa onde clicar»? Um folheto a cores em papel couché de boa gramagem (como tantos que a Carris edita), com a dita lista e um mapa de pequena escala, para levar no bolso e consultar a la carte, disponível em todos os quiosques e também em PDF? A ubiquificação dos códigos de paragens, mencionando‑os em “espinhas”, mapas e horários de carreiras?…
Nada disso: Temos um singelo ficheiro de Microsoft Excel 97, completo com 686 kB, falta de intermodalidade de formato informático, risco de infecção por vírus de scripting, e ainda ordenação desestruturada dos registos — que estão separados por carreira (em vez de agrupados por paragem), tornando a consulta pouco prática para o utilizador‑passageiro.
(O ficheiro Excel foi enternecedoramente gravado in media res, com a célula activa num ponto incaracterístico da folha, uma tabela de carreira seleccionada, e zume a 75%. Por outro lado, falta uma chave mestra, a formatação da células é inestética e de má leitura, e a pré‑formatação para impressão é inadequada, cortando as tabelas verticalmente.)
Querem criar uma tabela HTML a partir destes dados, senhores da Wiz? Pois façam assim: Numa célula de uma coluna à parte, p.ex. na F6, escrever:
=IF(AND(A6<>"";LEFT(A6)<="9");IF(OR(A5<>A6;B5<>B6);IF(LEN(F5)=0;"";"</dl>")&"<h2>Carreira "&A6&" ("&IF(LEFT(B6;5)="circ.";"";"sentido")&" "&B6&")</h2><dl>";"")&"<dt>Paragem "&E6&"</dt><dd>"&C6&"</dd>"&IF(C6=D6;"";"<dd>"&D6&"</dd>");IF(E5="";"";"</dl>"))
e copiar esta fórmula em toda a coluna (exceptuanto a primeira célula, F1). Depois é só copiar toda a coluna F e colá‑la numa página HTML. Repita‑se, ordenando por paragem e carreira (colunas C‑E‑A, manter linha‑cabeçalho), com a seguinte fórmula (na célula G6, e depois copiar para toda a coluna, excepto para G1):
=IF(AND(A6<>"";LEFT(A6)<="9");IF(E5<>E6;IF(LEN(F5)=0;"";"</ul></dd></dl>")&"<h2>Paragem "&E6&" ("&C6&")</h2><dl><dt>Localização: </dt><dd> "&D6&"</dd><dt>Carreiras: </dt><dd><ul>";"<li>"&A6&" ("&B6&")</li>");IF(LEFT(A5)<="9";"</ul></dd></dl>";""))
(É possível alindar a coisa com um CSS à maneira, mas deixo isso para os profissionais do design… (Hâ, como se!…) Quanto às inconsistências dos dados, tais como paragens sem carreira (p.ex., a 00206) e nomes diferentes para a mesma coisa ("Az. Cidade" ≠ "Az. da Cidade"?!), culpai a Carris.)
Em páginas HTML, ao contrário de no famigerado ficheiro Excel, a informação é pesquisável remotamente (p. ex., pelo Google), integra‑se estética e prática‑mente no restante sítio da Carris, e é visualizável em plataforma browser sem problemas de segurança (o ficheiro Excel pode ser bloqueado, e ainda bem, por firewall de empresa ou de cíber‑café).
Apesar de tudo…: Como passageiro frequente da Carris e utilizador ocasional do SIP, espero que seja o primeiro passo, bem inepto, nesta caminhada atrasada e lenta. De caminho, relembremos que
às 14:48, por Zarolho
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