Este blogue é da responsabilidade de um lisboeta com frequência universitária (Biologia), ex‑jornalista actualmente trabalhando na área informática.
Isto e tudo o mais ou será óbvio, ou irrelevante. (Vd. manifesto.)
IBSN:
Há meses, em reacção a uma greve dos motoristas da Carris, a Direcção desta empresa (transportadora rodoviária de passageiros do concelho de Lisboa) concebeu uns «cartazes bestiais» que fez afixar i.a. nos próprios autocarros — diziam «Nós estamos a trabalhar» e acrescentavam banalidades de “missão”, tiradas de uma qualquer sebenta do 1º semestre de “Márquetim”, com um sentido de oportunidade e de contexto a fazer lembrar as picardias publicitárias das “duas” cervejeiras nacionais.
Sendo utente da Carris não tenho a mais leve simpatia pelos motoristas (salvas individuais excepções), mas sempre achei que foi «usança feia» esta de os fazer circular, literalmente às costas, dizeres assim jocosos questionando a sua “luta” profissional. (Fosse uma sisuda nota da Direcção explicando a sua versão do conflito grevista, parecer‑me‑ia porém inatacável e até de saudar, note‑se.)
Ora pois, passados já vários meses, vi finalmente algo que eu próprio não resistiria a fazer, fosse motorista da Carris: Um dos ditos cartazes, afixado no interior do veículo e protegido por uma lâmina de plexigalss, comentado (sob a dita lâmina!) a marcador grosso para proveito do passageiro que lê e desabafo do funcionário que escreveu.
Lamentavelmente, não pude anotar exaustivamente o texto dos ditos comentários (nem publicitarei aqui a carreira e modelo do veículo em causa, por razões óbvias), mas o seu teor inseria‑se no conhecido (e infelizmente nada inverosímil) argumento que a administração da Carris trabalha activamente para o desmontar do serviço, por razões sociológicas (os “engenheiros” não são eles próprios utentes e não conhecem as reais necessidades destes) e “ideológicas” (os “engenheiros” acham que autocarros é coisa de terceiro mundo).
Mas de notar, pois, que a referida pichagem anunciava em tom ominoso aos passageiros que «esperem por Outubro, que vai ser ainda melhor!…»
Esperamos, pois.
às 16:33, por Zarolho
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