Um blogue de pequenas causas.
Este blogue é da responsabilidade de um lisboeta com frequência universitária (Biologia), ex‑jornalista actualmente trabalhando na área informática.
Isto e tudo o mais ou será óbvio, ou irrelevante. (Vd. manifesto.)
IBSN:
No jornal de hoje (Público 5666, de 2005.09.29), destaco duas passagens representativas de um “certo estilo” de jornalismo e de uma “certa forma” de “promover a excelência”:
Pág. 22, 6ª coluna, linhas 6 a 12: «o articulado social »« que não gosta aos conservadores».
Já na página 33, 6ª coluna, 2ª peça, 14ª linha, o cavalo de D. Quixote é chamado Hidalgo.
Não é, pois, hispanofilia: é mesmo burrice.
às 10:46, por Zarolho
Há meses, em reacção a uma greve dos motoristas da Carris, a Direcção desta empresa (transportadora rodoviária de passageiros do concelho de Lisboa) concebeu uns «cartazes bestiais» que fez afixar i.a. nos próprios autocarros — diziam «Nós estamos a trabalhar» e acrescentavam banalidades de “missão”, tiradas de uma qualquer sebenta do 1º semestre de “Márquetim”, com um sentido de oportunidade e de contexto a fazer lembrar as picardias publicitárias das “duas” cervejeiras nacionais.
Sendo utente da Carris não tenho a mais leve simpatia pelos motoristas (salvas individuais excepções), mas sempre achei que foi «usança feia» esta de os fazer circular, literalmente às costas, dizeres assim jocosos questionando a sua “luta” profissional. (Fosse uma sisuda nota da Direcção explicando a sua versão do conflito grevista, parecer‑me‑ia porém inatacável e até de saudar, note‑se.)
Ora pois, passados já vários meses, vi finalmente algo que eu próprio não resistiria a fazer, fosse motorista da Carris: Um dos ditos cartazes, afixado no interior do veículo e protegido por uma lâmina de plexigalss, comentado (sob a dita lâmina!) a marcador grosso para proveito do passageiro que lê e desabafo do funcionário que escreveu.
Lamentavelmente, não pude anotar exaustivamente o texto dos ditos comentários (nem publicitarei aqui a carreira e modelo do veículo em causa, por razões óbvias), mas o seu teor inseria‑se no conhecido (e infelizmente nada inverosímil) argumento que a administração da Carris trabalha activamente para o desmontar do serviço, por razões sociológicas (os “engenheiros” não são eles próprios utentes e não conhecem as reais necessidades destes) e “ideológicas” (os “engenheiros” acham que autocarros é coisa de terceiro mundo).
Mas de notar, pois, que a referida pichagem anunciava em tom ominoso aos passageiros que «esperem por Outubro, que vai ser ainda melhor!…»
Esperamos, pois.
às 16:33, por Zarolho
O fértil jornal de ontem (Público 5643, de 2005.09.06: p.43) informa‑nos sobre o lançamento, para breve, da uma nova revista generalista mensal, a Magazine Grande Informação, que conta com a particularidade de de não dispor de corpo redactorial próprio, antes recorrendo a uma “rede” de jornalistas “colaboradores” que contribuirão ad hoc.
Esta novidade vem na linha de um fenómeno mais ou menos recente na área da informação e da edição em Portugal, que é a sobrevalorização da forma sobre o conteúdo — da imagem sobre o texto, do “formato” sobre a matéria, da “impressão” sobre a informação…
Esta novidade insere‑se também no âmbito mais vasto da tendência para a uniformização do modelo empresarial (não é por acaso que os promotores da Magazine Grande Informação são «investidores »…« sem ligação ao sector dos media»…), para o abandono de qualquer projecto ou “espírito” de empresa que não seja o lucro contabilístico, e para a “agilização” da componente de recursos humanos.
E como vai ser esta revista sem jornalistas? Estaremos cá, de olho‑e‑meio bem atento, para notar erros ortográficos e demais deslizes. Haja quem tenha dois…
às 12:08, por Zarolho
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