Olho e meio

Um blogue de pequenas causas.


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Este blogue é da res­pon­sa­bi­li­da­de de um lis­bo­e­ta com fre­quên­cia uni­ver­si­tá­ria (Bio­lo­gia), ex­‑jor­na­lis­ta actu­al­men­te tra­ba­lhan­do na área in­for­má­ti­ca.

Isto e tudo o mais ou será ób­vio, ou irre­le­van­te. (Vd. ma­ni­fes­to.)

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A 2005-07-28

# Des­‑ligação intermodal

Um forasteiro que chegue ao Aeroporto da Portela e que queira seguir ime­di­a­ta­men­te para a Gare do Ori­en­te tem duas al­ter­nativas:

  • Mete­‑se num táxi — e provavelmente será vítima de uma voltinha a Sacavém ou ao Terreiro do Paço, com a conco­mitante despesa, atraso e risco. (Aqui, uma referência estas tropelias.)
  • Ou prefere o transporte público colectivo — a carreira 44 da Carris (ver diagrama da rede — em cima, à direita).

Esta última opção é sem dúvida a melhor. Liga o aeroporto internacional de Lisboa ao importante nó rodo­‑ferroviário do Oriente a Avenida de Berlim — caminho curto, apenas 2500 m, em suave descida. (Não havendo bagagem nem mau tempo e até se vai bem a pé…) O único problema é conseguir encontar a paragem do 44 sentido correcto (“ascendente”, para Moscavide)…

Junto ao terminal da Portela as vias de trânsito são desniveladas, não sendo portanto trivial encontrar “o outro lado” da rua, e respectiva paragem. Mesmo à saída das Chegadas há de facto um “terminal bus” (que se alcança ao fim de três pouco ergonómicos degraus sem rampa, inadequados para malas com rodinhas…), mas este serve apenas os sentidos “descendentes”: Areeiro, Benfica, Campo Grande, Baixa.

Servem o terminal de passageiros duas paragens no sentido “ascendente” (Portela, Moscavide, Oriente, Olivais, Encarnação, Prior Velho):

  • uma, junto à garagem da Avis (edifício axadrezado nesta foto), vagamente próxima das Partidas,
  • e outra, entre a saída do P̂4 e a rotunda junto às bombas da BP/Repsol (topo central desta foto), algo longe das Chegadas, 100 m por três passadeiras, relvados e passeios degradados, em acentuado declive (descendente).

Ninguém, é caso para dizer, «chega lá sozinho». Estrangeiros aventureiros — é vê­‑los aos magotes, entrando no 44 errado e descendo o eixo das avenidas até ao Cais do Sodré à espera de chegar à “Garre du Orriente”…

Num local onde não faltam as mais diversas indicações visuais, não há porém um único dístico indicando o caminho. Mais ainda, a ligação Oriente­‑Aeroporto é completamente ignorada num recente folheto intitulado Guia Lisboa, editado pela D.G.T.T.: De acordo com o mapa deste folheto, para se ir do Aeroporto ao Oriente, há que tomar o 45 ou o 91 rumo a sudoeste, e mudar no Areeiro (!) para o Metro ou C.P.… Nem mesmo é representado o nó do Relógio (onde 45 e 91 se cruzam com a carreira 50, a qual segue tortuosa para Oriente) e a carreira 44 nem sequer figura!…

O serviço “Aero­‑Bus”, o 91 da Carris, é mais caro e menos frequente que as carreiras normais: Leva os turistas ao Cais do Sodré, no trajecto da rede com mais oferta, quiçá supondo­‑se ainda no tempo que o estrangeiro que chega a Lisboa almeja nada mais senão o comboio para o Estoril… Aparentemente não foi considerada a possibilidade de expandir a carreira 91/“Aero­‑Bus” de forma a ter terminal na Gare do Oriente, pese embora o interesse da ligação desta com o Aeroporto e dada a falha de localização das paragens ascendentes do 44.

Despediça-se, desta e de outras formas, uma das vantagens de ter Lisboa um aeroporto internacional intra muros

às 22:30, por Zarolho

A 2005-07-19

# Discurso inflamado

Está muito calor e cheira a mato queimado até no meio de Lisboa mas, senhores da TSF, chamas em dez distritos não é o mesmo que «dez distritos em chamas».

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às 21:33, por Zarolho

A 2005-07-14

# Castelos no ar

Há dias precisei de incluir o étimo de "Alcácer" num texto que compunha com o InDesign CS, ferramenta profissional de vasta fama.

Confirmei o termo arábico "ل قصر" ("ªl qªsr"), "o castelo", em Logos.IT, bem como a respectiva ortografia: um lame, seguido de espaço, e cafe, sade e ré. (Unicode: U+0644, U+0020, U+0642, U+0635 e U+0631.)

Cabe dizer que (tal como muito provavelmente se vê nesta página) qualquer web browser menos que arcaico sabe desenhar as diversas formas de uma letra arábica (isolada, medial, inicial ou final), bem como “compreende” que este alfabeto se escreve da direita para a esquerda.

Usando o BabelMap (programa gratuito, desenvolvido em horas vagas por um único autor), escolhi o tipo­‑de­‑letra arábico mais adequado ao usado no texto em redor, copiei, e colei no inDesign.

Aí tudo começou a correr mal. Ainda que se trate de um programa recente (v.3.0, de 2003.10), não é capaz de (usando Uniscribe, uma funcionalidade do Windows) representar dinamicamente as letras arábicas em contexto de ligação, ficando eu pois com quatro tristes glifos da forma isolada — uma apresentação tipográfica de primitividade comparável à de um telex de esfera à moda dos anos setenta, em que «minúsculas e acentos» eram (mais ou menos) impossíveis de transmitir.

Não me atrapalhei: Notando mais um motivo de desapontamento com esta ferramenta de 1 k€, recompus a palavra usando as letras de um dos blocos de “pré­‑compostas” (U+FE70 a U+FEFF): "ﻗﺼﺮ" — cafe inicial, sade medial, e ré final. Um desvio à pureza tipográfica, mas salvo pela correspondência canónica dos pré­‑compostos para as letras “verdadeiras”. (E afinal também costumo escrever, e.g., o "a" com til como um único caractere pré­‑composto, "ã" — U+00E3 —, e não em dois caracteres separados, "ã" — U+0061 U+0303…)

Mas nem assim: O inDesign CS, o tal que custa 1 k€ e goza de vasta fama, nem sequer consegue reagir à característica de bidireccionalidade de um dado caractere, tendo­‑me obrigado a compor a palavra, para visualização correcta, de frente para trás: ré, sade, e cafe.

Assim, quem procurar na nete por "قصر" nunca encontrará o meu documento (.pdf) — pior: os bytes que introduzi representam efectivamente a palavra "رصق" (rªsq), que poderá ser o pior insulto em arábico e certamente não é étimo do nome da bela vila sadina.

Para acabar, esta ferramenta tão chique e tão “pró” nem sequer sabe alinhar a linha de base nem a altura de "X" das letras arábicas com as das latinas, sendo necessários ajustes de posição e corpo. Em contraste, como dito (e visto!), com qualquer web browser menos que arcaico e com o simplíssimo BabelMap.

às 19:18, por Zarolho

A 2005-07-13

# Exemplar exemplo

Espécime da espécie Equus 
asinus © Mary Sue Kunz

Quando me di­zem que «os ci­en­tis­tas» (es­sa cli­que, bem co­nhe­ci­da via es­té­re­o­ti­po de Holly­wood) fa­zem uso de uma lin­gu­a­gem des­ne­ces­sa­ri­a­men­te im­pe­ne­trá­vel, sa­co da mi­nha pis­to­la. (O ti­po de ar­ma­men­to es­co­lhi­do va­ria de acor­do com a bur­ri­ce exi­bi­da: des­de a pres­são de ar pa­ra «in­ca­pa­ci­da­de de co­mu­ni­cação», pas­san­do pe­la Калаш pa­ra «eli­tis­mo», até à BFG do Doom, ›tj, tj‹, para «ca­ba­la de de­sin­for­ma­ção».)

Daí que, quan­do um ci­en­tis­ta (dos ver­da­dei­ros, ar­que­ti­pi­fi­ca­dos pe­los meus ex­‑co­le­gas da F.C.L.) efec­ti­va­men­te usa de se­mân­ti­ca ou ter­mi­no­lo­gia in­vul­gar sem que ha­ja pa­ra is­so ne­ces­si­da­de, desço a vi­sei­ra de meu el­mo e, de mon­tan­te em ris­te, espo­reio meu corcel.

Um exemplo: Por quê, de todo, usar a pa­la­vra "espé­cime"? Não é sinónima de "exemplar" ou "indivíduo", mesmo nos contextos técnicos mais restritos? É, por acaso, mais conhecida do grande público que essses sinónimos?

Por outro lado, qual é o problema? Por que será pior dizer "espécime" em vez de "exemplar" ou "indivíduo"?…

Por que "espécime" é parónimo de "espécie", eis por quê — e em contexto de Biologia (e, na “vida real”, de ambiente, Natureza, saúde, investigação) estes dois termos estão intimamente associados e são, claro, completamente distintos.

Não podemos evitar outras burrices, mas ao menos evitemos coisas como

há alguns milhares de culturas agrícolas e espécies florestais que arderam
(T.S.F., 2004.07.12).

Ao dar entrevistas, ao escrever textos de divulgação, mesmo entre especialistas — evitai a palavra "espécime" e usai antes "exemplar" ou "indivíduo". Conselho de zarolho.

(P.S.: Sim, sim: Em Numismática, e noutras áreas, a palavra "espécime" tem outro significado. Disso, fale quem sabe.)

às 19:30, por Zarolho

A 2005-07-11

# Lembrai Veloso

À entrada do Aeroporto da Portela, em Lisboa, há duas rampas rolantes, à direita, do lado das partidas. Dão imenso jeito a quem traz malas e carrinhos. E são duas para que simultaneamente haja quem desça e quem suba.

Passo neste local quase todos os dias. Reparei há três semanas que uma das rampas avariou. Por azar, a que sobe.

  • Passado este tempo continua avariada — não houve verba, disponibilidade, organização para promover a onerosa e complexa reparação.
  • Passado este tempo continua a rampa funcional a descer — não houve verba, disponibilidade, organização para carregar num botão…

Lapso camoniano?

às 16:28, por Zarolho

A 2005-07-05

# Palavras exactas II

Tenho andado para dizer isto mesmo, mas têm­‑me faltado as palavras. Ainda bem que há quem as encontre:

«…maioritariamente econo­mis­tas (os novos advo­gados); com imper­ce­ptí­veis dife­ren­ças entre direi­ta e es­querda; e falan­do um newspeak supos­ta­mente rea­lista e incon­tor­nável (com uma auto­ridade que roça o auto­ri­ta­rismo, pelo menos inte­lec­tual): ele é “o País” (e o inte­re­sse do dito); ele é “a socie­dade” (e a gene­ra­li­zação da dita); ele é o “de­sen­vol­vi­men­to” (e a não­‑adjec­ti­vação do dito)… Acon­tece que estes ter­mos são abs­trac­ções ideo­ló­gicas. O in­tuito é usar termos que pare­çam neu­tros e con­sen­suais para ocul­tar esco­lhas que são mar­ca­da­mente po­lí­ti­cas. O go­ver­no (todos os go­ver­nos até hoje) faz o mesmo.»

Vale de Almeida hoc dixit.

às 14:38, por Zarolho

# Palavras exactas I

Enquanto o Olho e Meio se tenta ocu­par de ton­tos, bron­cos e bim­bos, há quem che­gue aos canalhas. Força!

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às 14:34, por Zarolho

A 2005-07-04

# O martelo dos céus

Num inusitado esforço noti­cioso, o Olho e Meio cobre a ope­ração de hoje no cometa Tempel 1. Cita­mos, a res­peito do efei­to do impa­cto pre­vi­sto, Jorge Candeias:

Fala-se em «esca­vacar o cometa à marte­lada», um bo­cado na linha dos tipos que que­riam mudar a órbita da Terra aos saltinhos.
O impactador tem um peso de 370 kg. Atendendo à energia cinética que carrega, e à constituição provável do cometa, os cientistas estimam que crie uma cratera no núcleo do dito-cujo com cerca de 25 m de profundidade e 100 m de diâmetro, o que é bastante mas se perde nos 14×4 km do núcleo do Tempel 1.
Só se a constituição do Tempel 1 for muito diferente do que se pensa ou se já estiver próximo de uma ruptura natural (que é um acontecimento vulgaríssimo na vida dos cometas que nos vêm visitar ao sistema solar interior) é que há uma probabilidade de fragmentação, que é, em todo o caso, bastante baixa.

Em resposta a protestos pseudo-conservacionistas contra uma suposta “agressão” a este corpo celeste, avançou, mais conciso que da outra vez, Goblin de Gook:

Se quer salvar o cometa
Faça o que o povo lhe diz:
Ponha os olhos no céu
E no cometa o nariz…

Há redacção alternativa (ainda que homófona) para este último verso.

às 12:43, por Zarolho

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